sábado, 12 de novembro de 2016

Cansado

Leia ao som dessa música:



Eu tô cansado. Não cansado da vida. Mas cansado de viver, sabe?
Não é que eu queira morrer. Mas eu queria poder me desligar por alguns meses.
Desaparecer de mim mesmo. Ser outra pessoa. Não existir.
Eu tô cansado dessa confusão mental, dessa bagunça emocional.
De saber o que quero, mas não poder ter.
De não saber o que quero, mas ter que decidir ter alguma coisa.
De não poder simplesmente deixar as coisas acontecerem.
Dessa necessidade gigante de ter todas as respostas. Sempre. Agora.
Eu tô cansado de inventar diálogos que nunca aconteceram. E talvez nunca aconteçam.
De viver cenas imaginárias. Que mesmo sendo imaginárias, nunca são pra me fazer feliz.
Parece que até minha imaginação trabalha contra mim.
Ela podia tratar de imaginar coisas boas. Já que é apenas imaginação.
Mas não. Ela sempre traça as piores possibilidades.
E tudo é sempre tão real. Eu vou do céu ao inferno em segundos.
Eu tô cansado de me importar. Com tudo. Com todos.
De ser o cara legal, mas nunca legal o suficiente.
De ser especial, mas nunca especial o suficiente.
De ser alguém que outra pessoa terá muita sorte em ter.
Mas é sempre outra pessoa. Nunca a pessoa.
Eu tô cansado de ter que me atolar de trabalho.
De ter que ficar bêbado todo final de semana.
Pra experimentar uma sensação artificial de felicidade.
Eu tô cansado mesmo.Cansado de tá cansado.



domingo, 2 de outubro de 2016

Saúde!

Leia esse texto ao som dessa música:




"Dormiu até bem, mas acordou ruim."
"Tá melhor hoje, o rosto tão sereno, tá até sorrindo".
"Acordou tão bem, mas talvez não passe de hoje."

Vocês vão me desculpar o exagero, mas estar em uma relação não-correspondida parece muito com uma UTI. Essas frases acima poderiam ter sido ditas para alguém em estado terminal, ou simplesmente pra alguém em um relacionamento confuso, unilateral, complicado.

E quando eu falo de relações não-correspondidas, eu não estou falando apenas de um amor não correspondido. Tem muita relação por aí onde até existe um amor mútuo, mas tem outras coisas não-correspondidas como respeito, admiração, interesse, etc.

Sabe quando você dorme depois de uma conversa de horas no telefone, mas acorda sem um bom dia?
Aí você fica se cobrando se terá sido afoito demais na conversa, se demonstrou muito interesse, se se entregou demais, se assustou.

Sabe quando você tem uma manhã de diálogos intermináveis e te ignoram o resto do dia?
Aí você fica se perguntando se só falaram com você por uma mistura de educação e pena, se estão jogando algum tipo de "jogo", se estão apenas te dando corda pra se enforcar, se estão apenas tentando te manter por perto pra caso nada mais dê certo.

Sabe quando você recebe fotos, músicas e relatos de uma viagem de ônibus num dia, e no outro fingem não saber da sua existência?
Você fica tentando entender o que fez de errado, que resposta poderia ter dado diferente, se digitou kkks demais, se colocou algum emoticon com um sentido que você não conhece.

E nessa de se cobrar, se perguntar, tentar entender, quando você dá por si, você está numa UTI. Acordando bem, dormindo mal, sorrindo às vezes, querendo morrer outras. 

Ok. Posso ter exagerado. Posso ser exagerado. Pode até não ser uma UTI.
Mas quanto tempo a gente demora pra entender que relações confusas, unilaterais e complicadas no mínimo saudáveis não são?

Ninguém pode ter seu estado, seu humor, sua saúde psicológica, emocional e às vezes até física dependente de outra pessoa. Física sim. Porque dói o peito. É difícil respirar.

Se você está numa relação dessas: Saúde!


sábado, 17 de setembro de 2016

Segundas

Você pode ler esse texto ao som dessa música:





A parte mais difícil de esquecer alguém não é esquecer esse alguém. 
É esquecer o dia a dia. 
É esquecer aquele lugar onde vocês se viram pela primeira vez, 
e que você passa em frente todos os dias ao ir trabalhar.
É esquecer aquele áudio engraçado do whatsapp
que vocês enviavam um pro outro pelo menos 5 vezes ao dia.
É esquecer aquela música que você recebeu dizendo que era a sua cara.
É esquecer o "já comeu?" na hora do almoço.
É esquecer a foto na hora da academia.
É esquecer aquela mesa quebrada que você consertou.
É esquecer aquele pedaço de bolo que você levou.
É esquecer as risadas sem motivo ao longo do dia.
É esquecer aquele mini ataque cardíaco
quando o celular vibrava com uma mensagem nova.

E de repente a ida e a volta do trabalho começam a ser desafios diários.
Chegar no trabalho e se afundar de afazeres é um refúgio. 
Parece ser a solução mais rápida e eficaz.
Pra, se não esquecer, pelo menos evitar lembrar.

Todo final de semana era a mesma coisa. 
Mesmo que não estivéssemos juntos fisicamente, 
a gente tava junto nas palavras.
Um bom dia pra cá, um boa tarde lá,
e de vez em quando um "tu não falou comigo hoje ainda". 

E de repente eu que tanto amava os finais de semana passei a odiá-los.
E de repente eu que tanto amava lembrar de você, passei a odiar ter que te esquecer.
E de repente eu que tanto odiava as segunda-feiras, passei a amá-las como se fossem sexta-feiras.







segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Às vezes não é amor

Leia esse texto ao som dessa música:



Às vezes não é amor. É vontade.
Vontade do que pode ser. Vontade do que poderia ter sido. Vontade de ser real.
De ter sido mais do que foi, de verdade, e menos do que foi de mentira.

Às vezes não é amor. É curiosidade.

Curiosidade de te ter pra mim. De te ter só pra mim.
Curiosidade de como seria uma vida onde não preciso te dividir com mais ninguém.
Curiosidade de viver em um mundo onde somos um só.
Onde nossos sonhos e objetivos deságuam no mesmo mar.

Às vezes não é amor. É comodidade.

Comodidade de não ter que procurar mais ninguém.
Comodidade de aceitar que não fomos feitos um pro outro,
mas não entramos por acaso em nossas vidas.
Comodidade de não ter que mais duvidar da minha capacidade de amar e ser amado.
De entender que não havia dado certo com ninguém, 
porque não podia dar errado com você. Mas deu.

Às vezes não é amor. É medo.

Medo de nunca mais encontrar ninguém que faça eu me sentir assim.
Medo de ter medo. 
De não ter mais coragem de enfrentar o mundo, 
como eu tinha com você.
Medo de ser alguém, que assim como você não conseguiu amar, ninguém mais consiga.

Às vezes não é amor. É saudade.

Saudade do que não foi. Saudade da vida que eu criei e só eu vivi.
Saudade do começo que tivemos, do meio que poderíamos ter tido e do fim que nunca tivemos de fato.
Saudade de quem você era, e de quem eu era junto de você.

Às vezes não é amor. É apego.

Apego ao fato de que nunca ficaremos juntos de novo.
Apego à dúvida se teria sido diferente se eu tivesse agido diferente.
Apego às memórias que colecionei ao longo deste 1 ano e meio.
Apego a quem você é. Apego a quem eu queria que você fosse.
Apego a quem eu projetei ser ao teu lado.

Às vezes não é amor. Foi.

Foi vontade. Foi curiosidade.
Foi comodidade. Foi medo.
Foi saudade. Foi apego.
Às vezes não foi amor. É.




segunda-feira, 23 de maio de 2016

É bom passar na cozinha

Trilha para o post:



O leite só ferve quando você sai de perto. 
Mas é bom passar na cozinha de vez em quando.

Sempre fui contra máximas. 
Sou do tipo que prefere acreditar que tudo é relativo. 
Se você parar pra pensar, existe um ditado pra tudo que você quer acreditar.  
Você pode se apegar ao "Quem acredita sempre alcança" 
- se for um cara persistente e que corre atrás, por exemplo. 
Mas pode ficar com o "Se for pra ser, será"
- caso seja do tipo que prefere não forçar e espera acontecer naturalmente.

Agora, essa do leite me deixou pensativo esses dias. 
Ela tem lá o seu sentido, porque geralmente quando se quer muito alguma coisa, 
quando se cria muita expectativa em cima dela, 
ela parece demorar mais pra acontecer. Que nem o leite. 
Mas por outro lado, se você não tá nem aí, se não faz por onde, se não procura,
as chances de acontecer e você não perceber também são grandes né?! 

Já pensou se o leite ferve, transborda, 
suja a panela, o fogão, a cozinha e você nem vê?! 
Por isso, logo eu, que odeio máximas, acabei de criar uma: 
o leite só ferve quando você sai de perto.
Mas é bom passar na cozinha de vez em quando. 



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Limitless | Pilot Review




Hoje será exibida nos EUA a Series Premiere da nova série da CBS - Limitless. A CBS, que não é boba, nem nada, "vazou" há uns quatro dias o piloto. Portanto, já tem em vários sites o episódio legendado pra quem quiser assistir. E eu, que não sou bobo, nem nada, já vi: ( ) sim ou ( ) claro?






A série é baseada no filme homônimo de 2011, que tem Bradley Cooper como protagonista (ele inclusive faz uma ponta no show). A história é sobre a vida de Brian Finch, um cara sem grandes pretensões na vida. Um daqueles adolescentes de 30 e poucos anos, que viu amigos e irmãos crescerem na vida, e ele ainda no "livin la vida loca", correndo atrás do sonho de ser músico. Tudo muda de figura quando seu pai adoece e os médicos não conseguem encontrar um diagnóstico. Brian procura um emprego e acaba reencontrando um amigo de longas datas, que o apresenta a uma nova droga, chamada NZT, que lhe dá acesso a 100% da capacidade do cérebro, o que permite que quem a use faça coisas inacreditáveis.






O piloto é envolvente. Rápido, autoexplicativo e com um bom desenvolvimento dos personagens. O plot central é interessante e o casal principal tem química (já shippo). Peca na falta de soundtrack, mas como é uma série de ação, não dá pra esperar um musical. No entanto, como o personagem é músico, acho que podemos ter boas surpresas no quesito trilha sonora. 






Sobre os atores: eu não conhecia o ator principal, Jake McDorman (Manhatan Love Story) mas ele deu show no papel. A série conta ainda com a linda e talentosa Jennifer Carpenter (Dexter) e com participações especiais do Bradley Cooper. Vejam o trailer:






Em resumo: me prendeu, mas ainda não empolgou. Vale a pena assistir o piloto e acompanhar a primeira temporada. Tem cara de ser aquelas séries, que do terceiro episódio pra lá vicia. Se você ficou curioso, dá uma conferida no primeiro episódio e depois comenta o que achou.





domingo, 30 de agosto de 2015

O novo

Trilha para o post:



Esses dias eu tava pensando. Sabe de uma coisa? Se eu tivesse o poder de parar no tempo, acho que não pararia. Sabe aquela coisa que todo mundo fala, de congelar momentos e tal? Não, obrigado. Passo. Parar no tempo é ficar preso ao passado, é se privar de viver nosso próprio futuro. 

Por isso, viva! Viva com intensidade cada segundo destes que não voltarão mais. Consolide seus velhos amigos. Faça novos. Coloque seus sonhos embaixo do braço, e siga em frente. Realize-os. E quando realizá-los, crie novos sonhos.

Se eu tivesse a chance de ter sempre as mesmas pessoas, não aceitaria. Se eu tivesse o dom de viver a vida à toa, não viveria. Se eu pudesse amar sempre as mesmas coisas, não amaria não. Isso é viver em vão. É limitar o coração.

Não se limite. Expanda-se. Procure aquilo que faz seu coração bater mais forte. Procure aquilo que te dá frio na barriga. Essa sensação nunca é demais. Feliz daquele que o seu amor, o seu trabalho, a sua vida te faz sentir todos os dias um novo frio na barriga. Nada como o novo. O velho é bom. É reconfortante. Tem gosto de "casa", de "comida de mãe". Mas o novo, ah o novo é espetacular. O novo é desafiador. Tem cheiro de livro em livraria, sabe como é? Daqueles que mesmo quando você não compra, você passa as páginas bem rápido perto do nariz, só pra sentir o cheiro. É quase como uma droga. Na verdade, a sensação é bem parecida. O novo vicia.

"Vai. E se der medo, vai com medo mesmo."