sábado, 17 de setembro de 2016

Segundas

Você pode ler esse texto ao som dessa música:





A parte mais difícil de esquecer alguém não é esquecer esse alguém. 
É esquecer o dia a dia. 
É esquecer aquele lugar onde vocês se viram pela primeira vez, 
e que você passa em frente todos os dias ao ir trabalhar.
É esquecer aquele áudio engraçado do whatsapp
que vocês enviavam um pro outro pelo menos 5 vezes ao dia.
É esquecer aquela música que você recebeu dizendo que era a sua cara.
É esquecer o "já comeu?" na hora do almoço.
É esquecer a foto na hora da academia.
É esquecer aquela mesa quebrada que você consertou.
É esquecer aquele pedaço de bolo que você levou.
É esquecer as risadas sem motivo ao longo do dia.
É esquecer aquele mini ataque cardíaco
quando o celular vibrava com uma mensagem nova.

E de repente a ida e a volta do trabalho começam a ser desafios diários.
Chegar no trabalho e se afundar de afazeres é um refúgio. 
Parece ser a solução mais rápida e eficaz.
Pra, se não esquecer, pelo menos evitar lembrar.

Todo final de semana era a mesma coisa. 
Mesmo que não estivéssemos juntos fisicamente, 
a gente tava junto nas palavras.
Um bom dia pra cá, um boa tarde lá,
e de vez em quando um "tu não falou comigo hoje ainda". 

E de repente eu que tanto amava os finais de semana passei a odiá-los.
E de repente eu que tanto amava lembrar de você, passei a odiar ter que te esquecer.
E de repente eu que tanto odiava as segunda-feiras, passei a amá-las como se fossem sexta-feiras.







segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Às vezes não é amor

Leia esse texto ao som dessa música:



Às vezes não é amor. É vontade.
Vontade do que pode ser. Vontade do que poderia ter sido. Vontade de ser real.
De ter sido mais do que foi, de verdade, e menos do que foi de mentira.

Às vezes não é amor. É curiosidade.

Curiosidade de te ter pra mim. De te ter só pra mim.
Curiosidade de como seria uma vida onde não preciso te dividir com mais ninguém.
Curiosidade de viver em um mundo onde somos um só.
Onde nossos sonhos e objetivos deságuam no mesmo mar.

Às vezes não é amor. É comodidade.

Comodidade de não ter que procurar mais ninguém.
Comodidade de aceitar que não fomos feitos um pro outro,
mas não entramos por acaso em nossas vidas.
Comodidade de não ter que mais duvidar da minha capacidade de amar e ser amado.
De entender que não havia dado certo com ninguém, 
porque não podia dar errado com você. Mas deu.

Às vezes não é amor. É medo.

Medo de nunca mais encontrar ninguém que faça eu me sentir assim.
Medo de ter medo. 
De não ter mais coragem de enfrentar o mundo, 
como eu tinha com você.
Medo de ser alguém, que assim como você não conseguiu amar, ninguém mais consiga.

Às vezes não é amor. É saudade.

Saudade do que não foi. Saudade da vida que eu criei e só eu vivi.
Saudade do começo que tivemos, do meio que poderíamos ter tido e do fim que nunca tivemos de fato.
Saudade de quem você era, e de quem eu era junto de você.

Às vezes não é amor. É apego.

Apego ao fato de que nunca ficaremos juntos de novo.
Apego à dúvida se teria sido diferente se eu tivesse agido diferente.
Apego às memórias que colecionei ao longo deste 1 ano e meio.
Apego a quem você é. Apego a quem eu queria que você fosse.
Apego a quem eu projetei ser ao teu lado.

Às vezes não é amor. Foi.

Foi vontade. Foi curiosidade.
Foi comodidade. Foi medo.
Foi saudade. Foi apego.
Às vezes não foi amor. É.